sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

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11 de Dezembro.

Hoje é dia 11, um dia 11 com potencial para ser igual a tantos outros dias 11. Acordei tarde, o meu corpo não quis que as aulas fizessem parte do meu dia. A costeleta que comi tinha o mesmo sabor das batatas fritas, do arroz e da alface, um sabor que não foi igual ao dos outros dias 11. Daqui a nada provavelmente vou para o ginásio, os 20m de bicicleta seguidos de trabalho de força não vão ser certamente um adversário tão à altura como o peso que tenho as costas. São três horas em que se calhar o mundo morre para mim, mas ninguém repara, porque tenho dito ao mundo que morri para ele. O ranger dos meus joelhos são possivelmente o único som que faço durante esse período, o meu corpo é provavelmente o único sitio para onde olho com a cara virada para cima, e uma voz que vem de não sei onde a dizer 'não pares, só já faltam 2 repetições' é a única coisa que oiço. É um treino de isolamento, tão altura do estado depressivo que transmite a solidão! Talvez se essa voz desaparecer, então também a musculação deixa de fazer sentido para mim. Eu acredito todos os dias de que pelas 15.30h vou recuperar desta lesão e de que um dia vou poder fazer sem dor o que todos fazem com um sorriso na cara. E as 17.30h em todos os outros dias 11 eu tinha vontade de contar como me sentia depois daquilo, como estava a progredir a minha lesão e como estava a evoluir o meu corpo. Hoje é dia 11 e não há quem queira ouvir como me senti depois do esforço, ninguém está preocupado como ficaram os meus joelhos depois da sessão, ninguém está disposto a olhar e a dizer que evoluí. Mas, será assim tão diferente o período em que treino sozinho, ao restante tempo do dia 11 em que não recebi uma única resposta para se queriam ir dar uma volta, se á noite queriam dar um giro, em que não recebi uma única mensagem de um amigo a perguntar se estava tudo bem. E ainda ninguém sabe porque hoje é dia 11 porque ninguém tem o hábito de me perguntar como está a minha vida. Os assuntos não têm fundamento, fala-se por se falar. O que oiço não encaixa e oiço porque ao contrário dos outros não lhes tapo os ouvidos nunca. E o horizonte, hoje dia 11, é igual ao horizonte que não me transmite nada a não ser pensamentos lógicos de orientação. Não estou triste por isso, nem me queixo por isso, a única coisa que me enfraquece é hoje ser dia 11, e pensar que amanhã provavelmente será dia 12 (...). Nunca procurei também chegar-me a muita gente, inserir-me num grupo ou numa comunidade, nunca tive grande interesse em ser louco e andar à roda com a mesma frequência que a vida dá voltas. Eu construí o meu caminho praticamente sozinho. Eu lutei e consegui que entendessem a minha revolta, os meus complexos e o meu objectivo de vida. Eu poucas vezes incomodei alguém para que me ajudassem a mim, e quando o fiz, agradeci. Agora não me chamem de amigos. Não cometam esse erro porque vocês não são meus amigos cada vez que trocam por fumo, bebida, ou uma grande fezada. Vocês estão a divertir-se, parabéns, fico feliz por vocês... Não me mandem sms a perguntar se arranjo 'um conto' antes de me perguntarem se preciso de alguma coisa, se está tudo bem. Não me convidem para ir aqui e ali quando cada vez que passam do outro lado da rua não são capazes de atravessar 3m para me virem cumprimentar. Chamem-me maluco por ser mais expressivo do que vocês, eu chamo-vos invejosos por só se preocuparem com o vosso umbigo. Chamem-me anormal por cada vez que eu vos vir do outro lado da rua e der um grito para marcar presença, eu chamo-vos comuns por desviarem o olhar e disfarçarem que não sabem quem sou. Tenham vergonha de mim quando andam a meu lado na rua e eu me porto de forma exuberante, eu tenho orgulho de vocês por ainda serem capazes de andar comigo... Mas isto não é para falar disso, é para falar do dia 11. Sei o que vou fazer, ainda não sei como o vou acabar... Tenho treino, não que me apeteça ir, mas tenho uma função, assumi um compromisso e não gosto de deixar uma tarefa a meio. As vozes, os sons, os gestos não são capazes de me dar a concentração que preciso, nem são capazes de me lembrar que ali dentro o objectivo é outro... O mundo lá fora não entra ali, mas... ensinem-me a fazer isso. Não tenho quoficiente emocional para esconder o que sinto... Estou nervoso e choro, estou com medo e rio, estou chateado e fico calado, estou revoltado e aí nem sei o que faço. Dia 11, chorei, ri-me, ainda não disse uma palavra. 'Filho o que é que se passa?'. - Nada mãe, está tudo bem, não te preocupes... 'Munó porque é que estás triste?'. - Eu não estou triste nézinha, está tudo bem... E no fundo até está, só não está bem ser dia 11. Só não está bem o meu telemóvel não tocar à dois dias. Só não está bem ter que desabafar aqui por não haver ninguém com disponibilidade para me ouvir. Só não está bem não haver carinho e atenção de alguém... O treino vai acabar. Balneário, barulho, vozes, assuntos que nada dizem a ninguém mas que todos comentam como se fossem experts, atitudes que ninguém entende, mas que no fundo todos percebemos. 'Estás amuado paneleiro. Que se passa?'. - Agora nada. Obrigado por me teres respondido à mensagem. 'Dói-te os joelhos?'. - Não. Está tudo bem. Já pensei fazer ligadura funcional noutras partes do corpo, será que é esse o segredo para que reparem que nem tudo está bem? A água cai-me na cabeça, num banho que não traz prazer, e que é tão demorado quanto a velocidade a que a água cai quase despercebida no meu corpo. Não há porque ter pressa, não tens ninguém à tua espera. Ninguém está a precisar de ti. Orienta-te, é dia 11, cerca das 22h e estás sozinho. Em casa está a minha mãe ja na cama a dormir, a sonhar no dia em que acaba mais uma viajem do meu pai que já dura à mais de um mês, e a minha irmã com um sono tão carregado que só tem termo às nove da manhã do dia seguinte. A comida está fria, mas não me apetece aquece-la e logo como qualquer coisa, mas... não tenho o que fazer, tenho tempo e o melhor é mesmo comer. Assim faço, agora que terminei a ideia de que é dia 11 carrega ainda mais. Nem vale a pena ir ao pc, no msn ninguém me espera e não tenho novidades para dar a ninguém. Redes sociais, não estou com clima. Mas preciso de falar, se calhar o blogger pode ouvir-me, vou lá contar-lhe o que me vai na alma... Não me apetece ir ao hhr improvisar com manos que conheci on-line, não estou com alma para sacar nada e a minha máquina fotográfica só capta expressões negativas e hoje o olhares não faz parte da minha rotina. Abro o browser, 'o blogger está aqui :D já não vou ficar sozinho'. Falo coisas durante 30minutos que depois apago para escrever apenas uma ou duas linhas. 'Desculpa ter estado a chatear-te para nada' penso eu estupidamente pensando que uma aplicação na web se importa ou se sente o que digo. Não estou louco, a madrugada já domina lá fora à algumas horas, vou dormir na esperança de que quando pousar a cabeça na almofada o meu telemóvel faço um barulhinho... Não recebi nenhuma sms, estou sem bateria, não o tenho usado mas ficou ligado durante três dias. Amanhã de manhã tenho treino... Os miúdos saltam-me para cima, a vida deles não tem dias 11, nem 12, nem 13... tem dias, e todos os dias são dias em que a única preocupação deles é saber que asneira podem fazer, ou em que charco de lama podem saltar só pelo gozo de chatear. Mas eles abraçam-me, pede-me ajuda e ouvem o que eu lhes digo. De forma tão inocente são os únicos, e com apenas 6, 7 anos que me dizem que das 10h às 12h é apenas um dia como tantos outros. O mal é quando dá-mos o grito, e a minha cabeça acorda para mais um dia 12.
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(meu) amor.


"aquele alguém certo, aquele ser humano complementar a nós, que não só desfrutará da nossa companhia, como acrescentará a nós significado, partilhando muito de si e também exigindo muito de nós."

domingo, 8 de novembro de 2009

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T E T R I S - Start

Tetris será provavelmente o jogo universalmente mais conhecido. Consiste em encaixar peças de várias formas umas nas outras, de maneira a preencher os espaços vazios, ganhando com isso pontos ou bónus que permitem subir de nível. T E T R I S, é por isso uma metáfora da minha visão sobre a vida... Temos várias peças - o amor, o dinheiro, a saúde, o trabalho, ... - e temos um plano - o dia a dia - no qual temos que encaixar e conjugar as várias peças. Se o fizermos da melhor forma ganhamos pontos, ou bónus, que é como quem diz: respeito, notoriedade, etc... que nos farão subir de nível, esclarecendo: ascensão na carreira, promoções no trabalho e tudo aquilo que todos desejamos embora que cada um o deseje à sua maneira. Por isso neste nível vou escrever sobre o que bem me apetecer, com ou sem lógica, para mim terá que ter a necessária para ponderar postar sobre o mais determinado assunto.

START!